A Enersul propôs ontem à CPI, que investiga ações da concessionária no Estado, reduzir em 1,5% o valor da conta de energia dos 543.661 consumidores residenciais de Mato Grosso do Sul. A medida passaria a valer em curto espaço de tempo, informou o diretor de regulação da empresa, José Simões. Ele assegurou que este percentual é o máximo que a multinacional pode oferecer, mesmo depois de ter obtido lucro 237% superior ao conquistado no primeiro semestre de 2006.
Em tese, com a redução um cliente que gasta R$ 100 por mês, passará a pagar R$ 98,50 à Enersul. Com o desconto, o consumidor nem sequer poderá incluir na lista de compras mensal um pacote de um quilo de feijão, que custa em média R$ 1,80.
Mas a CPI espera que a redução de 1,5% reflita no bolso do consumidor da mesma forma que o reajuste. Se a Enersul justificou aumento superior de quase 12% aos 3,46% liberados pela Aneel, aos impostos sobre o serviço, a esperança é que a redução repercuta da mesma forma.
Além de diminuir a conta, que faz o custo do serviço elétrico no Estado deixar de ser o mais caro do País para ser o terceiro mais oneroso, a Enersul apresentou outras medidas, que segundo a concessionária também vão impactar no custo do serviço. Porém, as demais sugestões dependem de outros elementos, sendo que a empresa assegurou, em reunião anterior, que a proposta apresentada dependeria apenas de suas ações.
No rol de medidas, constam a promoção do acesso a tarifas de baixa renda, contratos de interruptibilidade para clientes industriais – que poderia deixar a conta até 5% mais barata –, rearticular os repasses tarifários, equacionar nova forma de pagamento da rede básica, reverter a decisão de atribuir aos consumidores perdas decorrentes da mudança do ponto de medição, desenvolver juntamente com o Estado, programa de eficiência energética, pesquisa e desenvolvimento.
Frustração
O rol de medidas equivaleu a um balde de água fria para os membros da CPI, que defendem a queda de pelo menos 10% no valor da conta. No próximo dia 14, às 15h, a comissão vai revelar à Enersul o que pensa a respeito da sugestão de redução. Os membros deverão apresentar uma contraproposta.
O vice-presidente da CPI, Paulo Duarte (PT), definiu a proposta como ruim. Para ele, a redução não resolve nada. O parlamentar espera que a concessionária diminua pelo menos 5% o valor da conta. "O ideal é que o serviço fique 10% mais barato. Se a empresa ceder 5%, o restante vamos buscar por meio de outras ações", disse.
Para o relator da CPI, Marquinhos Trad (PMDB), a proposta de redução da Enersul pode ser uma irregularidade. Ele chegou a dizer que a "empresa colocou a corda no pescoço". "A concessionária sempre assegurou que não tinha como baixar o preço. Se agora, ela pode reduzir, será que antes não cobrava este percentual de forma indevida? Caso isso se confirme, a empresa deverá devolver o valor arrecadado nos 10 anos de concessão", declarou.
O mais otimista foi o presidente da CPI, Paulo Corrêa (PR). "Considero uma conquista esta proposta. Pela primeira vez a Enersul ouviu o Estado e se ela prometeu reduzir 1,5%, a empresa poderá mudar de idéia e baixar mais a conta", frisou.
Fonte: Correio do Estado
sábado, 4 de agosto de 2007
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